Recuperação de Empresas. Você ainda pode precisar!
Dentro do sistema capitalista, a ideia de recuperar uma empresa pode parecer um contrassenso a princípio. O sistema capitalista de um modo geral deve fornecer os meios para que somente as melhores empresas tenham condições reais de crescerem e se perpetuarem. É a seleção natural intrínseca à natureza do próprio sistema que deve premiar os melhores e expurgar os que não se sobressaem. Essa é a teoria. Na prática, as coisas são um pouco diferentes.
Existem empresas dos mais variados tamanhos, com modelos de negócios tradicionais ou inovadores, que atendem a nichos de mercado específicos ou a grandes massas de clientes, que atendem as nossas mais variadas necessidades. A pergunta então é: se uma empresa não consegue estabelecer-se dentro de seu mercado, porque então deveríamos nos preocupar em recuperá-la? Porque não deixar o próprio sistema se arranjar e dar espaço para que outra empresa assuma seu lugar?
Neste post, você poderá entender porque as empresas perdem valor e porque é importante resgatar esses valores.
A importância do valor para uma empresa
O modo como a sociedade percebe sua empresa é o que em gestão chamamos de valor. É a forma como seu produto ou serviço é percebido para seu conjunto de consumidores que determina se sua empresa tem valor ou não no contexto em que ela está inserida.
Em momentos de crise, normalmente as empresas se perdem na busca e na manutenção desse valor gerado. O foco deixa de ser estratégico e passa a ser pela sobrevivência do negócio. Quando isso acontece, o que vemos é uma rápida deterioração do valor da empresa percebido por seus clientes, abrindo espaço para que novos entrantes ou substitutos possam assumir seu lugar.
Identificando os sinais
É muito importante que os gestores de uma empresa mantenham-se alertas aos sinais que podem antecipar a necessidade de recuperação do negócio. Stuart Slatter em sua obra Glambling on Growth (1992) divide as causas que podem levar uma empresa ao declínio em dois grandes grupos: causas internas e causas externas.
As causas internas estão relacionadas à qualidade da gestão praticada, ao controle (ou sua ausência) das finanças da empresa, a não observância dos custos relacionados ao produto ou serviço, a falta de um planejamento estratégico e ainda a pouca atenção ao mercado de atuação da empresa.
Fora da empresa, as principais causas revelam-se nas mudanças de mercado não percebidas pela empresa, a atuação da concorrência de novas tecnologias que podem provocar alterações na demanda ou ainda a exposição a variações bruscas de preços de insumos.
Todas essas variáveis devem estar no radar de uma boa gestão. O monitoramento contínuo de cada uma delas servirá de alerta para que a empresa entenda se sua atividade corre riscos e possa estabelecer sua estratégia para contornar (e inda se aproveitar) essas variações.
Porque recuperar uma empresa?
As empresas, tenham consciência disso ou não, possuem uma função social. Ao criarem valor para a sociedade através de seus produtos ou serviços, elas desenvolvem importantes mecanismos de distribuição de renda e geração de riqueza para todo o sistema. Recuperar uma empresa é dar a oportunidade de que, através do aprendizado e da mudança de postura e mentalidade, novas oportunidades possam ser exploradas.
Embora o sistema tenha por finalidade a premiação dos melhores, o espírito empreendedor por vezes poderá ser colocado à prova e atingido por variáveis fora de seu controle. Aqui no Brasil temos vários exemplos de como isso acontece. Em um passado não tão distante, a promessa política e econômica de que nosso país poderia se estabelecer de vez entre as maiores economias mundiais, ou ainda, a de que não estávamos expostos a todo cenário de crise que se desenhava, criou as condições ideais para que várias empresas, de um instante a outro, se vissem em situações de crise. Empresas que apostaram nessa direção e alavancaram sua estrutura de capital por exemplo, agora se encontram em grandes dificuldades para honrar seus compromissos, desencadeando uma série de movimentos de recuperação judicial de empresas.
Recuperar uma empresa é a melhor maneira para que se possa reestabelecer o equilíbrio e a motivação empreendedora de nosso sistema capitalista. É poder aprender com os erros do passado e estabelecer um novo horizonte para os negócios pautados cada vez mais no profissionalismo de sua gestão e no compromisso com a responsabilidade social da empresa.
Principais etapas no processo de recuperação.
O processo de recuperação de uma empresa é desenvolvido em três etapas:
• diagnóstico: nessa etapa o objetivo é levantar os principais vetores que levaram a empresa para a situação de crise instalada;
• desenvolvimento de um plano de ação: aqui, após identificados os fatores determinantes da crise, estabelece-se um plano de ação onde serão trabalhadas simultaneamente todas as principais frentes necessária à garantia da operação da empresa;
• implantação: é a execução do plano de ação definido, onde a empresa deverá acompanhar o desenvolvimento das ações propostas, avaliando através de métricas e indicadores a eficácia das medidas propostas, promovendo os ajustes necessários no plano de ação para sua continuidade.
É necessário que a empresa compreenda os problemas fundamentais que levaram a instalação da situação de crise, atacando as causas geradoras desses problemas de modo a se priorizar suas necessidades de maior importância.
Maiores desafios na recuperação de empresas
O maior desafio enfrentado por gestores e profissionais na recuperação de empresas é sem dúvida o fator tempo. Quanto mais cedo se inicia o processo maiores são as chances que uma empresa tem de se restabelecer com sucesso. Nesse ponto, a atenção aos sinais que mencionamos anteriormente são determinantes.
Outro grande desafio que as empresas precisam enfrentar nesse processo é o de conciliar os interesses de todos os envolvidos. A pressão exercida nesses momentos é enorme. Funcionários, fornecedores, clientes, bancos, governo, todos buscando de uma forma ou de outra a garantia da satisfação de seus interesses. É necessária uma enorme habilidade para estabilizar esse cenário de crise e garantir a continuidade das operações.
O papel desempenhado pela liderança nesse processo de recuperação é o elemento que irá determinar seu sucesso ou fracasso. A postura diante da situação e a segurança que o líder deve transmitir são fundamentais para equalização de todos os interessados. Essa liderança ser fundamentada principalmente na transparência com todos os envolvidos.
Por último temos o desafio relacionado a cultura do empresário. Admitir a situação na maioria das vezes demora, o que prejudica enormemente todo o processo. Quer seja por orgulho ou por desconhecimento, os lideres devem ser capazes de discernir se possuem as competências necessárias para enfrentar o momento ou se devem procurar o auxílio de profissionais habilitados e experientes para o conduzirem o processo.
As empresas que conseguem reestabelecer-se após o processo de recuperação devem saírem mais fortes e mais maduras pois aprendizado obtido pela empresa e por seus gestores ao enfrentar todos os desafios será de grande importância, pois servirá de plataforma para os passos futuros da empresa e seu posicionamento no mercado, além de servir de parâmetro para o ajuste de seu foco estratégico.
Esteja sempre atento aos sinais que anunciam uma crise em sua empresa e ao menor sinal de um deles busque a orientação de profissionais experientes para enfrentar os desafios que podem surgir.
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