Preço versus Valor: uma dinâmica às vezes não tão óbvia!
Os momentos de grande baixa no mercado financeiro sempre trazem consigo o questionamento: será que esse preço de tela está barato ou está caro? E ainda, barato ou caro em relação ao que? E aliada a toda essa dúvida, os mercados em seus extremos são sempre alimentados por um sem número de informações e notícias que buscam justificar seu movimento o que torna a tarefa um pouco mais complicada para se tormar uma decisão de investimentos.
Bom, em sua obra O Mais Importante para o Investidor, Horward Marks (https://en.wikipedia.org/wiki/Howard_Marks_(investor)), fundador da Oaktree Capital (https://www.oaktreecapital.com/), uma das grandes referências mundiais quando se trata de gestão de recursos, traz uma explicação que consideramos muito esclarecedora com para avaliarmos a relação de preço e valor, a qual transcrevemos na íntegra abaixo:
"Então, o que torna o preço baixo em relação ao valor e o retorno alto em relação ao risco? Em outras palavras, o que faz o preço de venda de um ativo ser menor do que deveria ser?
- Ao contrário de ativos que se tornam objeto de manias, as possíveis pechinchas costumam apresentar algum defeito objetivo. É possível que uma classe de ativos por suas fraquezas, por exemplo, uma empresa pode apresentar defasagem em relação ao seu próprio setor, um balanço patrimonial pode estar excessivamente alavancado, ou, talvez, um ativo ofereça proteção estrutural inadequada aos seus detentores.
- Uma vez que o processo de fixação de preços justos do mercado eficiente requer um envolvimento de pessoas analíticas e objetivas, as pechinchas, em geral, fundamentam-se na irracionalidade ou em alguma compreensão incompleta. Por isso, as pechinchas costumam ser criadas quando os investidores não consideram um ativo de forma justa, ou deixam de examinar aspectos mais profundos para entendê-lo de maneira completa, ou não conseguem superar alguma tradição, viés ou restrição não baseada em valor.
- Ao contrário dos queridinhos do mercado, o ativo órfão é ignorado ou desprezado. Quando é mencionado pela mídia e nos coquetéis, isso é feito em termos pouco lisonjeiros.
- Geralmente seu preço vem caindo, fazendo o pensador de primeiro nível se perguntar: quem compraria esse tipo de ativo? (É preciso reiterar que a maioria dos investidores extrapola os resultados históricos para o futuro esperando que as tendências se mantenham contínuas, em vez de levar em consideração algo muito mais confiável, isto é, a regressão para a média. Os pensadores de primeiro nível tendem a ver fragilidade dos preços históricos como algo preocupante, não como um sinal de que o ativo tenha ficado mais barato.)
- Como resultado, um ativo em pechincha tende a ser altamente impopular. O capital fica longe dele ou foge, e ninguém é capaz de imaginar uma única razão para comprá-lo."
Acredito que são condiderações extremamente válidas, principalmente no atual momento em que se encontra nosso mercado. Não estamos fazendo aqui nenhuma recomendação de compra ou venda, mas provocando você leitor a pensar sobre esses pontos e construir sua própria conclusão, nunca se esquecendo da máxima de Benjamin Graham e de Warren Buffett de que
Preço é o que você paga;
Valor é o que você leva.
Aos interessados no livro O Mais Importante para o Investidor, segue abaixo link da Amazon:
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Abraço e até o próximo artigo.
Rogério Santos
Kayros Consultoria
http://kayrosconsultoria.com/